Câncer de Testículo​

A grande preocupação com o câncer de testículo consiste no fato de ser a neoplasia maligna mais frequente em homens entre 20 e 34 anos

O principal fator associado ao câncer testicular é a criptorquidia (testículos posicionados fora da bolsa escrotal). Indivíduos com essa anormalidade possuem um risco maior de desenvolver câncer. Outro grupo com maior incidência de câncer de testículo são os homens portadores de infertilidade. Nesses casos, a presença de tumor pode ser a causa da diminuição da produção de espermatozoides.

Como suspeitar do diagnóstico

O quadro clínico caracteriza-se por aumento do volume testicular ou pela presença de nódulo testicular indolor à palpação. Existem também outros problemas associados ao aumento do volume testicular, como as infecções, (orquiepididimites), hidrocele, torção testicular, hérnias inguino-escrotais e cistos de epidídimo.

Toda massa testicular encontrada na palpação, principalmente em adultos jovens, deve ser considerada como câncer, até que se prove o contrário. Apesar disso, o diagnóstico definitivo somente é possível após avaliação microscópica do tumor. A biópsia é contraindicada, pois se tratam de neoplasias com intensa duplicação celular, e a biópsia pode representar risco de metástase.

O retardo no diagnóstico pode levar à progressão da doença, uma vez que são neoplasias com rápida progressão, fazendo com que mais da metade dos pacientes com tumor testicular chegue ao médico já com doença metastática. Embora seja assustadora a alta frequência de doença disseminada ao diagnóstico inicial, esses pacientes apresentam possibilidade de cura em aproximadamente 75%, devido à resposta favorável desses tumores à quimioterapia e à radioterapia.

Em fases mais avançadas, sintomas e sinais de metástases podem estar presentes, como falta de ar, massa abdominal e emagrecimento.

Alguns pacientes referem haver sofrido trauma local (por pancada); porém, o trauma não tem relação de causa no câncer de testículo.

Os diagnósticos diferenciais mais comuns são os processos inflamatórios ou infecciosos do testículo, torção testicular ou hidrocele. A apresentação clínica difere pouco em todas elas e necessita de avaliação urológica para diagnóstico e tratamento o mais rápido possível.

A ultrassonografia do testículo tem papel fundamental no diagnóstico, pois caracteriza a presença do tumor e sua relação com as estruturas vizinhas, além de diferenciar das outras doenças (torção de testículo e inflamação testicular). Outra vantagem do ultrassom é a capacidade de mostrar tumores não palpáveis ao exame físico do urologista, sendo estas lesões diagnosticadas em fases iniciais, facilitando o tratamento desses pacientes.

A tomografia de abdômen é outro exame indispensável na avaliação pré-operatória e acompanhamento por diagnosticar a presença de metástase que ocorre principalmente no retroperitônio. 

Tipos de tumores

De forma simplificada, são dois os tipos de neoplasias testiculares:

Tumores seminomatosos de comportamento mais lento.

Tumores não seminomatosos, sendo estes mais agressivos e com tratamento mais difícil, na maioria das vezes necessitando o uso de quimioterápicos.

As células tumorais produzem substâncias que chegam ao sangue, podendo ser detectadas por meio de exames laboratoriais. Tais exames devem ser realizados sempre no início do atendimento ao paciente, e são muito importantes no diagnóstico, quantificação do grau de comprometimento da doença e servem de parâmetro para o acompanhamento após o tratamento. Os principais marcadores são o Beta-hCG, o DHL e a Alfa-Fetoproteína.

Como tratar

O conhecimento da drenagem do testículo é essencial no tratamento dos tumores, tornando a biópsia de um nódulo testicular contra-indicada pela possibilidade de disseminação da doença no trajeto da agulha. O tratamento correto consiste na retirada do testículo acometido, realizada sempre através de abordagem na região inguinal.

Muitos dos pacientes com câncer ainda não possuem uma família constituída, sendo assim, o tratamento pode representar um grande impacto na fertilidade desses indivíduos. Após quimioterapia ou radioterapia, quase todos os pacientes têm a função do testículo remanescente gravemente alterada por um período de aproximadamente dois anos, quando um pouco mais da metade desses apresentam melhora importante com possibilidade de gravidez. Por esse motivo, todos os pacientes sem família constituída podem ter seus espermatozoides congelados antes do tratamento definitivo, permanecendo assim a possibilidade de obtenção de gravidez por método de reprodução assistida.

Felizmente, tumores bilaterais ocorrem em menos de 1% dos casos, sendo assim, a necessidade de reposição hormonal e possível dano na função sexual são condições extremamente raras.

Quanto ao aspecto estético, hoje são utilizadas próteses testiculares de silicone implantadas no ato da retirada do testículo sem deixar cicatrizes e imperceptíveis visualmente quando comparadas ao testículo normal.

Pela faixa etária jovem de acometimento desses tumores e a alta curabilidade da doença, as consequências do tratamento tornaram-se as principais preocupações na atualidade. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia possuem efeitos colaterais potencialmente prejudiciais a longo prazo na qualidade de vida desses pacientes.

Sendo assim, os principais avanços no tratamento concentram-se na diminuição das consequências, com permanência de bons resultados.